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domingo, 28 de agosto de 2011

Apesar de tudo, sinto sua falta.

Não deixe os dias passarem.

Tudo poderia ser fácil, no nosso caso não foi.

Não pude fazer nada, nem mudar a vírgula de lugar, apesar de todo meu querer. Poderia escrever um livro somente para dizer o quanto seria mais fácil para nós três: eu, você e o medo; mas não o farei.

Precisei de você quando não nos queria tanto. Você se foi da mesma maneira que chegou, e, vive como se nunca estivesse aqui.
Tudo esta tão cinza. Minhas mãos sofrem por estas duas, que estão longe daqui, não onde os dedos terminam, mas onde o rio encontra o mar. Um Muro estrategicamente e geologicamente instalado entre dois pares de olhos, tão diferentes, tão desconhecidos quanto às digitais que aqui escreve.
São gritos, são músicas. É confuso, alto, e, provavelmente, nem inteligível é.
O amor que antes tudo iluminava, hoje no peito desfalece, como um corpo dentro de um caixão, em algum funeral. Morto, mas presente. A casca apodrecida que sobrou de todas as maçãs polidas. O que foi o sopro forte que apagou as velas (antes acesas), uma a uma, sem piedade, restando apenas um par delas para que derretessem em minhas mãos causando imensa dor de um óbito sem causa?Não sei, só sei que, morreu assim, não como as rosas sem água, mas como as mais regadas.
Talvez por isso, posso perder o controle de minha vida, a noção do tempo. Mas a única verdade é que esperei demais. Esse misto de desilusão e decepção que vive em meu peito tem um gosto salgado, como o oceano. Por isso, hoje me tornei o que meu espírito sempre negou ser: comum. Tão comum a ponto de ser invisível. O Invisível é comum. Amor, saudade, tristeza. Uma vez sentido, é irresistível voltar. Irresistível como a parede de sorvete, que escorre até secar e se tornar imóvel. Amargo como o Atlântico. Índico. Completamente Pacífico. É uma droga. Veneno. O não-visível te traz de volta para onde tudo começou: no vazio. Pó.
Por não falar em saudades. Sinto saudades, sinto muitas saudades. E dói. Dói do mesmo jeito desde o dia em que partiu, como se fosse fácil aceitar a condição de ser órfã. E arrancou do meu coração a metade, só para não me deixar esquecer que, mais 17 anos ao seu lado, foi tudo que sempre quis.