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quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Há um tempo considerável  que não venho aqui, para postar algo. E, como a insonia é minha companheira de todas as madrugadas, resolvi escrever, por quê não? 


Hoje em dia, muito se ouve falar em Justiça. Para nós amantes do 'Direito', Justiça é dar a cada um aquilo que lhe é merecido, Justiça é a faculdade que faz com que Doutos Magistrados julguem segundo o direito e a melhor consciência. É em Direito o termo que se designa a tudo aquilo que se faz de acordo com o Direito. É o Direito e a Razão. É o conjunto de órgãos e funções que compõem nosso Poder Judiciário, conjunto de Magistrados e pessoas que servem junto deles.  E assim, teoricamente, tudo é tão bonito, e caminha na perfeita harmonia.



Vemos, que hoje o papel social de quem exerce ou deveria exercer JUSTIÇA encontra-se limitado, e quem 'dá a cara bater' é visto como um louco ou, pior, como um simples caso de policia. Infelizmente essa Justiça que buscamos está prestes a morrer, ou, morrendo. Agora, neste instante em que vos escrevemos, longe ou aqui do lado, na frente da sua casa, alguém esta matando-a. E cada vez que uma parte, dessas que foram supra mencionadas morrem, é como se, nunca tivesse existido para aqueles que confiam, para aqueles que esperavam aquilo que devemos esperar: JUSTIÇA, SIMPLESMENTE JUSTIÇA. 



Esperamos por Justiça, somos criados para isso. Mas esperamos por aquela que não se envolve em Teatros e nem nos confundem com flores de vã retórica judicialista, tão pouco, a que permitiu que lhe  viciassem os pesos da balança. Mas sim, uma justiça pedestre, uma justiça amiga em nosso cotidiano, uma justiça para quem o justo seria o mais exato e rigoroso sinônimo de ÉTICA. Esperamos pela justiça indispensável para a felicidade do espirito. Queremos, que os TRIBUNAIS a exercesse. Desejamos uma JUSTIÇA que fosse a emanação espontânea da própria sociedade e que se manifestasse, como um iniludível imperativo moral, o respeito pelo direito a ser que a cada ser humano assiste.



Houvesse essa Justiça, nem um só ser humano mais morreria de fome, ou de tantas doenças que são curáveis para uns, mas não para outros. Houvesse essa Justiça, e a existência não seria, para mais da metade da humanidade, a condenação terrível que objetivamente tem sido. Houvesse uma nova justiça distributiva e comutativa que todos os seres humanos possam chegar a reconhecer como intrinsecamente sua, uma justiça protetora da liberdade e do direito, não de nenhuma das suas negações. 



O que fazer? Da literatura à ecologia, da fuga das galáxias ao efeito de estufa, do tratamento do lixo às congestões do tráfego, tudo se discute neste nosso mundo. Mas o sistema democrático, como se de um dado definitivamente adquirido se tratasse, intocável por natureza até a consumação dos séculos, esse não se discute. 



Porém, para essa justiça dispomos já de um código de aplicação prática ao alcance de qualquer compreensão, e que esse código se encontra consignado desde há cinquenta anos na Declaração Universal dos Direitos Humanos, aqueles trinta direitos básicos e essenciais de que hoje só vagamente se fala, quando não sistematicamente se silencia.



A Declaração Universal dos Direitos Humanos, tal qual se encontra redigida, e sem necessidade de lhe alterar sequer uma vírgula, poderia substituir com vantagem, no que respeita a retidão de princípios e clareza de objetivos, os programas de todos os partidos políticos do orbe, nomeadamente os da denominada esquerda, anquilosados em fórmulas caducas, alheios ou impotentes para enfrentar as realidades brutais do mundo atual, fechando os olhos às já evidentes e temíveis ameaças que o futuro está a preparar contra aquela dignidade racional e sensível que imaginávamos ser a suprema aspiração dos seres humanos.



Ora, se não estamos em erro, se não somos incapaz de somar dois e dois, então, entre tantas outras discussões necessárias ou indispensáveis, é URGENTE antes que se nos torne demasiado tarde, promover um debate mundial sobre a democracia e as causas da sua decadência, sobre a intervenção dos cidadãos na vida política e social, sobre as relações entre os Estados e o poder econômico e financeiro mundial, sobre aquilo que afirma e aquilo que nega a democracia, sobre o direito à felicidade e a uma existência digna, sobre as misérias e as esperanças da humanidade, ou, falando com menos retórica, dos simples seres humanos que a compõem, um por um e todos juntos. Não há pior engano do que o daquele que a si mesmo se engana. E, assim é que estamos vivendo. 






PS: Alguns trechos foram retirados de um artigo de José Saramago.



Que você me guarde na memória, mais do que nas fotos. E que, até o último dia da sua vida, você espalhe delicadamente a nossa história, para poucos ouvintes, como se ela tivesse sido a mais bela história de amor da sua vida. E que uma parte de você acredite que ela foi, de fato, a mais bela história de amor da sua vida.